Brasil se prepara para o lançamento de satélites ambientais em seu primeiro foguete comercial
19 de novembro de 2025 / 16:23
Foto: Divulgação

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está prestes a realizar um feito significativo no campo da exploração espacial, com o lançamento de dois nanossatélites a bordo do foguete sul-coreano HANBIT-Nano. Este evento, que ocorrerá no próximo sábado (22) no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), marca o primeiro voo comercial espacial a partir do solo brasileiro.

Os nanossatélites, conhecidos como cubesats, são pequenos dispositivos com peso inferior a 10 kg, frequentemente pesando menos de 1 kg. Eles possuem estruturas compactas e um formato cúbico, permitindo uma ampla gama de aplicações.

Os satélites Jussara K e Pion BR2 – Cientistas de Alcântara serão lançados durante a Operação Spaceward 2025, que representa um marco histórico, pois é a primeira vez que cargas úteis, como satélites, serão lançadas do Brasil. Esses dispositivos têm como missão coletar dados ambientais de plataformas terrestres e transmitir mensagens de aproximadamente 300 crianças que participam de um projeto educacional no Maranhão, com a expectativa de que essas mensagens sejam captadas por estações de telemetria em todo o mundo.

Desenvolvimento dos Satélites

O satélite Jussara-K, desenvolvido no Laboratório de Eletrônica e Sistemas Embarcados Espaciais (LABESEE) da UFMA, incorpora diversas tecnologias nacionais. Ele conta com antenas fabricadas em colaboração com o Laboratório LISE da Universidade Federal de São João Del-Rei (MG) e um sistema de energia, incluindo painéis solares, produzidos pela própria UFMA. Sua principal função será coletar dados ambientais de áreas como lagoas, florestas e regiões agrícolas, registrando informações sobre temperatura, umidade e níveis de monóxido de carbono, o que pode ajudar na identificação de focos de queimadas.

Além disso, o Jussara-K incluirá um módulo de inteligência artificial, desenvolvido em parceria com a startup paulista Epic of Sun, para testar a eficácia dessa tecnologia em condições espaciais.

O Pion BR2 – Cientistas de Alcântara, por sua vez, é fruto de uma colaboração entre a UFMA, a Agência Espacial Brasileira (AEB), a Fundação Sousândrade, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup brasileira PION. Este satélite tem como objetivo aproximar as comunidades de Alcântara das tecnologias espaciais, com foco no envolvimento de crianças quilombolas. Após o lançamento, o Pion BR2 enviará sinais que poderão ser captados globalmente, além de ser utilizado para testes tecnológicos relacionados ao gerenciamento de energia e ao desempenho dos painéis solares.

O professor Carlos Brito, do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA, enfatiza a importância deste lançamento para o Programa Espacial Brasileiro, destacando que é um marco histórico para a universidade e para o país.

O Primeiro Lançamento Comercial

O foguete HANBIT-Nano, que será lançado, é um veículo orbital de dois estágios, projetado para o lançamento de pequenos satélites. Com 21,9 metros de comprimento e 1,4 metro de diâmetro, ele pode transportar cargas úteis de até 90 kg para órbitas síncronas ao Sol (SSO), alcançando altitudes de até 500 km. O primeiro estágio utiliza um motor híbrido de 25 toneladas de empuxo, enquanto o segundo estágio pode ser equipado com motores que oferecem flexibilidade nas missões.

O lançamento em Alcântara foi viabilizado por um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) assinado pelo Governo Federal em 2019, permitindo que empresas privadas utilizem o CLA. Com isso, a Innospace, entre outras empresas, foi habilitada para realizar lançamentos a partir do Brasil, garantindo que a jurisdição sobre o território permaneça brasileira, mesmo com a possibilidade de lançamentos por empresas estrangeiras.