A paraibana Thamires Pontes está revolucionando a moda sustentável com a criação de sua startup, a Phycolabs, que transforma algas marinhas em fios têxteis. Com o objetivo de desenvolver um produto que possa ser utilizado em larga escala, Thamires foca em rastreabilidade e baixo impacto ambiental, buscando “descarbonizar a moda”.
Natural de João Pessoa, a pesquisadora começou sua jornada em 2016, durante o mestrado em Têxtil e Moda na Universidade de São Paulo, onde percebeu o potencial das algas como uma alternativa viável na indústria têxtil. “Foi um período de autodescoberta. Apesar da minha ampla experiência de uma década na indústria têxtil, percebi que o caminho tradicional já não me trazia realização”, compartilhou Thamires.
As algas marinhas, segundo a pesquisadora, são o organismo de crescimento mais rápido do planeta e não requerem terras agrícolas, irrigação com água doce ou pesticidas. Além disso, elas desempenham um papel importante na absorção de gases do efeito estufa, contribuindo para a saúde dos ecossistemas marinhos.
Nos últimos anos, a Phycolabs tem se destacado no cenário da moda sustentável, conquistando prêmios significativos, como o Global Change Award, da Fundação H&M, em 2023, e o Unlock Her Future, da The Bicester Collection, em 2024. Thamires considera essas conquistas um marco em sua trajetória e um incentivo para futuras gerações de mulheres na ciência.
Após a pandemia, a urgência de levar a fibra têxtil ao mercado se intensificou. Thamires está finalizando o desenvolvimento do fio ideal e se preparando para lançar o primeiro lote piloto. A startup já estabeleceu parcerias com grandes marcas que irão testar os tecidos em seus produtos, uma etapa fundamental para a escalabilidade do projeto.
“Meu objetivo é que as fibras à base de algas se tornem uma alternativa viável e acessível aos materiais têxteis convencionais, sem comprometer a biodiversidade”, afirmou Thamires.
Além do impacto ambiental, a pesquisadora acredita que sua iniciativa pode gerar valor para comunidades costeiras, promovendo práticas regenerativas e inclusão socioeconômica. As algas utilizadas são cultivadas por parceiros da Phycolabs nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, passando por um processo exclusivo até se transformarem em fios.
Thamires conclui sua mensagem com uma visão esperançosa: “Eu gostaria de ver essa tecnologia ajudando a construir um novo padrão para a indústria, mais consciente e alinhado com os desafios ambientais do nosso tempo. A solução para cuidar do oceano vem justamente dele.”