Segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, a recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros já está afetando o setor. Em apenas um dia após o anúncio, exportadores norte-americanos suspenderam as compras de pescados brasileiros, resultando no desembarque de 58 contêineres de peixes, lagostas e camarões em três dos principais portos do Nordeste: Salvador, Pecém (CE) e Suape.

A nova tarifa, que foi divulgada na quarta-feira (9) e entrará em vigor no dia 1º de agosto, representa um desafio significativo para os exportadores brasileiros. De acordo com Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, 70% das exportações do setor têm como destino os Estados Unidos, tornando os produtores extremamente vulneráveis a essas mudanças. Lobo destaca que essa situação pode levar os empresários a interromper a produção, realizar demissões e buscar alternativas para escoar seus estoques, um processo que pode ser demorado.

O presidente da Abipesca lamenta que essa medida contrasta com a longa história de comércio entre Brasil e EUA, onde o pescado brasileiro é bem recebido e faz parte do cotidiano alimentar americano. Ele expressa preocupação com a possibilidade de perder o mercado mais importante para as exportações de pescados do Brasil.

Além do setor de pescados, a incerteza gerada por essa nova tarifa já começa a impactar outras áreas da economia brasileira. A economista Regiane Vieira alerta para os possíveis efeitos no emprego, especialmente nas cadeias produtivas que dependem das exportações para os EUA. Ela enfatiza que, se novos mercados não forem encontrados, a situação pode resultar em uma perda significativa de empregos.

A economista também menciona que um dos primeiros efeitos dessa tarifa pode ser o aumento dos preços dos produtos, o que pode pressionar a inflação devido à depreciação da moeda brasileira e ao aumento do dólar. Apesar disso, Regiane Vieira acredita que o cenário econômico geral do Brasil é de recuperação, com uma melhora na renda e no emprego, o que pode ajudar a absorver parte da produção, especialmente no setor alimentício, pelo mercado interno.

Diante desse panorama, o setor de pescados e outros segmentos da economia brasileira enfrentam um período de incertezas, que exigirá estratégias eficazes para minimizar os impactos das novas tarifas impostas pelos EUA.