Exportações do Nordeste para os EUA: derivados de cacau podem ser afetados por aumento de tarifas
31 de julho de 2025 / 18:26
Foto: Divulgação

A Bahia enfrenta um desafio significativo com a recente imposição de tarifas sobre produtos exportados para os Estados Unidos. No primeiro semestre de 2025, o estado já havia exportado mais de U$S 45 milhões em manteiga, gordura e óleo de cacau, segundo a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). A nova tarifa de 50% sobre diversos produtos, que entrará em vigor em 6 de agosto, impactará diretamente o setor, especialmente itens como cacau, pneus e café.

O cacau, uma das principais culturas da Bahia, é produzido principalmente no sul do estado, em municípios como Ilhéus e Wenceslau Guimarães. No entanto, as exportações não incluem a fruta in natura, mas sim seus derivados, como licor, cacau em pó, manteiga de cacau e pasta de cacau. Esses produtos são essenciais não apenas para a indústria alimentícia, mas também para os setores farmacêutico e de higiene.

Atualmente, três grandes indústrias operam na região sul da Bahia, sendo elas:

  • Cargill
  • Joanes
  • Barry Callebau

As empresas estão sendo contatadas para avaliar os impactos que a nova tarifa terá sobre suas exportações.

A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) expressou preocupações sobre a competitividade das exportações brasileiras de derivados de cacau, solicitando medidas diplomáticas e comerciais urgentes. Contudo, não foram especificadas as potenciais perdas financeiras que o setor poderá enfrentar.

Exportações da Bahia para os EUA

Conforme dados da Fieb, 8,3% das exportações baianas no primeiro semestre de 2025 foram destinadas aos Estados Unidos, que se posicionou como o segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China (23,6%) e à frente do Canadá (9,4%). O estado da Bahia ficou em 11º lugar no ranking nacional de exportações para os EUA, totalizando U$S 440 milhões.

Os derivados do cacau figuram entre os produtos mais exportados pela Bahia, ocupando a 2ª e a 9ª posição, com mais de 10% do total de exportações do primeiro semestre deste ano.
As principais exportações da Bahia para os Estados Unidos incluem:

  • Derivados de cacau
  • Outros produtos alimentícios

Carlos Henrique Passos, presidente da Fieb, alertou que o “tarifaço” traz sérias preocupações para a indústria baiana, já que 67% dos produtos industriais do estado estarão sujeitos à nova taxa. “Isso não é apenas uma tarifa, mas um embargo comercial, pois será difícil continuar vendendo para o mercado americano com esse custo adicional. Precisamos encontrar outras soluções”, afirmou.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, em declaração recente, assegurou que as negociações com os Estados Unidos continuam em andamento. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, também está buscando soluções em conjunto com outros governadores do Nordeste e a presidência da república, com reuniões programadas para os dias 5 e 6 de agosto em Brasília.

Rodrigues destacou que os empresários que exportam se preparam para o mercado, contratando mão de obra e tomando empréstimos, e que a nova tarifa pode resultar em prejuízos significativos, incluindo demissões.

Impacto sobre outras exportações

Além do cacau, a produção de mangas na região do Vale do São Francisco, no norte da Bahia, também será afetada pelo “tarifaço”. Parte da produção de mangas, que será colhida em setembro, tinha como destino os Estados Unidos. Embora o suco e a polpa de laranja tenham sido isentos da nova taxa, outras frutas, incluindo a manga, continuam sujeitas a ela.

A Associação de Exportadores de Produtos Hortigranjeiros do Vale do São Francisco estima que o “tarifaço” pode levar a uma redução de até 70% nas exportações de mangas da região, resultando em perdas de cerca de U$S 30 milhões. Anualmente, 1,25 milhão de toneladas de mangas são produzidas, com 253 mil toneladas destinadas à exportação, gerando U$S 348 milhões, sendo 53 mil toneladas enviadas para os Estados Unidos.