Exportadores brasileiros de mel estão se mobilizando para enfrentar a nova tarifa de 50% sobre produtos do Brasil, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que começará a vigorar em 1º de agosto. De acordo com a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), uma das estratégias em discussão é a possibilidade de compartilhar o custo da tarifa com os importadores norte-americanos.
O presidente da Casa Apis, Sitônio Dantas, destacou que as opções disponíveis incluem a negociação para dividir a tarifa ou, caso os exportadores assumam o custo, será necessário aumentar o preço do mel em dólar para compensar essa despesa. “Não podemos arcar com a tarifa e ainda manter os negócios”, afirmou Dantas.
A preocupação do setor é que essa medida leve a uma queda nas exportações e a um aumento nos custos logísticos. Desde o anúncio da tarifa, duas grandes operações de exportação no Piauí foram afetadas. As operações incluem:
Dantas explicou que a carga de 95 toneladas foi dividida entre diferentes navios, com rotas distintas, o que significa que o mel chegará aos Estados Unidos em datas variadas, algumas possivelmente já sob a nova tarifa. “A mercadoria que estava no porto até domingo foi embarcada. Os clientes antigos, com os quais temos parcerias comerciais, entenderam a situação e decidiram assumir a responsabilidade caso a carga chegue após o prazo”, acrescentou.
A expectativa é que até o final do ano, cerca de mil toneladas adicionais de mel sejam enviadas, somando-se às mil toneladas já exportadas entre janeiro e junho. Dantas mencionou que, para os próximos embarques, há quatro programados para esta semana, com dois previstos para segunda-feira e os outros dois para quarta ou quinta-feira. Ele enfatizou a importância de manter a comunicação com os clientes, garantindo que os contratos serão cumpridos, mesmo em meio à incerteza.
Por outro lado, a carga de mais de 500 toneladas pertencente ao Grupo Sama ainda enfrenta dificuldades e permanece sem envio. O CEO do grupo, Samuel Araújo, afirmou que as negociações continuam para atender a demanda dos clientes, que exigem que as entregas sejam feitas antes do dia 1º de agosto.
O impacto econômico da tarifa é significativo, já que o tarifaço de Trump resultou no cancelamento imediato de grandes pedidos de mel orgânico brasileiro para o mercado norte-americano. Os Estados Unidos consomem 80% do mel produzido no Brasil, e em 2024, o Piauí liderou o ranking de exportação de mel para o país, apesar de não ser o maior produtor.
Islano Marques, gestor corporativo da Área Internacional e Mercado da Federações das Indústrias do Piauí (Fiepi), ressaltou que, embora o Piauí ocupe a 22ª posição em exportações gerais para os EUA, a relação comercial é robusta, com cerca de 85% da exportação de mel do estado direcionada ao mercado americano.