Iniciativa Primeiro Emprego Indígena fortalece a educação nas aldeias no Nordeste
18 de julho de 2025 / 17:24
Foto: Divulgação

Desenvolvido pela Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) em parceria com a Escola de Governo de Alagoas (Egal), o Programa Primeiro Emprego Indígena tem promovido transformações significativas na vida de estudantes indígenas em Alagoas. Esta iniciativa, pioneira no Brasil, visa não apenas a inserção desses alunos no mercado de trabalho, mas também a valorização da identidade cultural e o desenvolvimento das comunidades indígenas do estado.

Conforme dados do censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 0,82% da população de Alagoas se identifica como indígena, abrangendo 12 etnias reconhecidas e 27 escolas estaduais voltadas para a educação indígena, com mais oito em construção. O programa foi lançado em abril de 2023 e é exclusivo para alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Clind) da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Atualmente, dos 220 estudantes matriculados, 150 já foram beneficiados com bolsas de estágio.

A coordenadora do programa, Rose Damas, destaca a importância dessa iniciativa: “Esse programa representa uma oportunidade importantíssima de conexão com os povos indígenas de Alagoas. Mais do que a concessão de bolsas, ele se destaca pela força da coletividade e pela união dos diversos órgãos envolvidos. Nas salas de aula das escolas indígenas, os estagiários puderam expressar todo o seu potencial, tornando-se exemplos e inspiração para que outros também sonhem e alcancem o espaço da educação”.

Ampliando oportunidades

Hoje, estudantes de todas as 12 etnias estão envolvidos no programa, com a maioria atuando nas escolas de suas comunidades. Vários alunos, após iniciarem o estágio, conseguiram se posicionar no mercado de trabalho, conquistando vagas em concursos e processos seletivos, evidenciando a eficácia do programa como um impulsionador de carreiras.

Emmanuelle Trindade, superintendente da Escola de Governo, afirma: “O programa tem um olhar direcionado à inclusão. É um marco na história do nosso Estado. Ao permitir que os estagiários atuem dentro de suas comunidades, fortalecemos sua cultura e promovemos crescimento profissional”.

Além de promover a inclusão, a iniciativa também contribui para a permanência dos estudantes na universidade. A coordenadora do CLIND, professora Iraci Nobre, ressalta: “Com o salário, os alunos passaram a ter condições reais de permanência na universidade, acesso a equipamentos, internet, livros, e melhorias significativas na qualidade de vida. Cada aluno formado representa uma conquista na luta por uma educação indígena qualificada”.

Para participar do programa, os estudantes devem atender a critérios como ter pelo menos 18 anos, estar cursando o segundo ano de graduação e estarem matriculados nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, Letras, Geografia, Matemática ou História do núcleo Clind da UNEAL. O processo de seleção é totalmente eletrônico, garantindo transparência e segurança.

Impacto na vida pessoal e profissional

De acordo com o relatório mais recente da Seplag, 98% dos estagiários indígenas afirmam que o programa contribuiu significativamente para seu crescimento profissional e educacional. Outros 91% notaram mudanças positivas em suas comunidades. Além disso, 81% relataram aumento de renda e 76% passaram a investir na própria educação, adquirindo materiais e equipamentos.

Um exemplo do impacto do programa é o relato da estagiária Ediene Maria, da escola Indígena Estadual José Máximo da tribo Wassu Cocal: “O estágio está sendo uma experiência riquíssima em conhecimentos. Cada dia é um novo aprendizado. Hoje, graças ao programa, estou preparada para estar em sala de aula. Sou mãe solteira de quatro filhos, e hoje posso dar a eles o que precisam. Com a bolsa do programa, comprei um notebook para estudar e organizar minhas aulas. É gratificante saber que todo mês tenho condições para fazer as compras de casa e comprar roupas para as crianças”.

A secretária de Planejamento, Gestão e Patrimônio, Paula Dantas, também enfatiza a importância da iniciativa: “Com o Programa Primeiro Emprego Indígena, conseguimos dar oportunidade para que os jovens indígenas cresçam profissionalmente dentro das suas próprias comunidades. Além disso, o governo Paulo Dantas está entregando 13 escolas indígenas, algo único no nosso estado. Através dessas iniciativas, buscamos fortalecer a cultura, promover autonomia e ajudar a corrigir desigualdades históricas”.

Com resultados concretos na permanência universitária, inserção no mercado de trabalho e fortalecimento da educação nas comunidades tradicionais, o Programa Primeiro Emprego Indígena se destaca como uma política pública essencial voltada à inclusão e ao desenvolvimento social.

Programa Primeiro Emprego

O formato geral do Programa Primeiro Emprego, que oferece oportunidades para estudantes de diversos cursos superiores, teve um novo edital publicado no último dia 26 de junho, com inscrições abertas até 26 de julho, disponíveis no site oficial. Em relação ao Primeiro Emprego Indígena, a coordenação do programa ainda não definiu uma nova data para inscrições, mas assegura que ao final do ciclo atual, a gestão irá estruturar a nova programação.