Poda do maior cajueiro do mundo é adiada para fevereiro, segundo Idema
20 de agosto de 2025 / 20:47
Foto: Divulgação

O maior cajueiro do mundo, localizado em Parnamirim, na Grande Natal, teve sua poda, prevista para 2025, adiada para fevereiro do próximo ano. A decisão foi anunciada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), que justificou a mudança devido ao início do período de floração da árvore.

Debate sobre a poda

A possibilidade de cortar a árvore centenária gerou intensos debates entre autoridades, ambientalistas, moradores e comerciantes durante audiências públicas realizadas em junho. Há defensores da poda como uma medida preventiva, enquanto outros alertam para os riscos que essa ação pode trazer à saúde e longevidade do cajueiro, que é um dos principais pontos turísticos do litoral potiguar.

O Idema informou que a floração da árvore se estende até novembro deste ano, e a frutificação está prevista para ocorrer em dezembro e janeiro de 2026, o que impede a realização da poda nesse período. A decisão de podar a árvore foi determinada pela Justiça em uma ação que tramita há mais de dez anos. O adiamento foi necessário para que o Idema apresentasse uma agenda de atividades para várias instituições, incluindo a Câmara de Vereadores de Parnamirim e o Ministério Público, o que prolongou o cronograma.

Durante o período de floração e frutificação, o Idema realizará um manejo fitossanitário para combater pragas, como cupins, que têm afetado a planta. O investimento previsto para a poda é de R$ 200 mil e o processo pode levar até seis meses para ser concluído.

Reconhecimento e turismo

O Cajueiro de Pirangi, nomeado assim por sua localização na praia de Pirangi do Norte, é reconhecido desde 1994 pelo Guiness Book como o maior cajueiro do mundo, com uma extensão de aproximadamente 10 mil metros quadrados. Em 2024, mais de 350 mil turistas visitaram o local, que é um tradicional ponto turístico do Rio Grande do Norte.

Intervenções judiciais

Em junho, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) entrou com um recurso solicitando à Justiça que a sentença que determina a poda fosse complementada com um estudo técnico mais detalhado antes de qualquer intervenção na árvore. O MP alegou que houve omissão na decisão e que não foi intimado adequadamente sobre a sentença.

O recurso do MP destacou que a sentença exigia um “estudo prévio” que garantisse a saúde do cajueiro e o livre trânsito de veículos e pedestres nas proximidades. Para o MP, a expressão “estudo prévio” era vaga e imprecisa, o que tornava a decisão judicial insuficiente.

Opiniões divergentes sobre a poda

A questão da poda do cajueiro gerou opiniões polarizadas. Moradores da região argumentam que a árvore tem invadido ruas, dificultando o trânsito e ameaçando propriedades vizinhas. Atualmente, estima-se que cerca de 1,2 mil metros da planta ultrapassam a área cercada, com galhos que ocupam metade de algumas avenidas.

O juiz Airton Pinheiro decidiu a favor da ação, visando garantir o livre trânsito nas proximidades do Cajueiro de Pirangi.

Thales Dantas, diretor técnico do Idema, defendeu a poda em audiências públicas, afirmando que essa intervenção é necessária para cuidar da árvore centenária. Ele ressaltou que a poda fitossanitária é essencial para preservar a saúde da planta, que nunca passou por um processo de poda adequado em seus 137 anos de vida.

Por outro lado, a bióloga Mica Carboni, que trabalhou no cajueiro, expressou preocupações sobre a poda, considerando que ela poderia resultar em uma “catástrofe” para a árvore. Segundo ela, o crescimento do cajueiro está ligado ao enraizamento de seus galhos, que contribui para o rejuvenescimento da planta. Mica destacou que a poda indiscriminada poderia limitar o crescimento e acelerar o envelhecimento do cajueiro, que continua a frutificar vigorosamente mesmo após 140 anos.

O futuro do maior cajueiro do mundo permanece incerto, enquanto as discussões sobre sua poda continuam.