Rio Grande do Norte registra recorde de desperdício de energia renovável em setembro, revela pesquisa
9 de outubro de 2025 / 17:32
Foto: Divulgação

O Rio Grande do Norte se destacou como o estado mais sustentável do Brasil em termos de energia limpa, alcançando um recorde no desperdício de energia renovável em setembro. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), consolidados pela consultoria CarpeVie e divulgados pelo Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), o estado foi responsável por 36,01% dos cortes de geração de energia entre todas as unidades da federação.

O fenômeno conhecido como curtailment, que se refere à redução ou interrupção da geração de energia por usinas eólicas e solares devido à falta de capacidade de escoamento na rede de transmissão, impactou significativamente o setor. O presidente do CERNE, Darlan Santos, ressaltou que o prejuízo acumulado pelo setor de energia renovável no Brasil já ultrapassa R$ 5 bilhões.

No acumulado de 2025, o Rio Grande do Norte ocupa a segunda posição nacional em desperdício de energia, ficando atrás apenas da Bahia. As perdas de energia estão concentradas majoritariamente no Nordeste, com os três primeiros estados no ranking de cortes de energia renovável sendo:

  • Bahia (35,14%);
  • Rio Grande do Norte (25,43%);
  • Minas Gerais (15,63%).

Além disso, outros estados nordestinos também estão entre os mais afetados, como Piauí (9,42%), Ceará (7,58%), Pernambuco (3,03%), Paraíba (1,79%) e Maranhão (0,62%).

Darlan Santos apontou que a falta de infraestrutura adequada no Nordeste, onde se localizam os principais polos eólicos e solares do Brasil, limita a geração de energia e impacta toda a cadeia produtiva, desde fabricantes até investidores. Ele destacou que a redução na geração de energia não apenas prejudica a eletricidade, mas também afeta a indústria e o emprego. Santos citou o exemplo de uma das maiores fabricantes de aerogeradores do Ceará, que teve que demitir mais da metade de seus funcionários devido aos cortes.

Jean Paul Prates, chairman do CERNE, enfatizou que o Brasil enfrenta um paradoxo: enquanto amplia sua capacidade de geração de energia limpa, continua a sofrer cortes devido à falta de infraestrutura. “Estamos desperdiçando, em determinados momentos, o equivalente à produção de uma grande usina termelétrica apenas por falta de modernização no sistema de transmissão. Isso gera prejuízos econômicos, ambientais e reputacionais para o país”, afirmou.

Ele também destacou a contradição de celebrar a expansão das fontes renováveis enquanto parques eólicos e solares são obrigados a desligar suas turbinas devido à falta de transmissão, o que compromete a imagem do Brasil como uma potência renovável.

Em outubro de 2025, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizará um leilão de transmissão, com expectativa de investimentos de R$ 5,5 bilhões. O leilão prevê obras para reforçar a malha elétrica em estados estratégicos, especialmente no Nordeste, que lidera a geração de energia limpa no Brasil. Prates concluiu que a expansão da rede de transmissão é crucial para garantir o aproveitamento total da energia renovável já instalada, e que o Brasil precisa planejar seu setor elétrico de forma integrada, unindo inovação tecnológica, regulação moderna e atração de investimentos para consolidar sua posição como líder mundial em energia limpa.