A economia da região Centro-Sul do Ceará tem se fortalecido com uma nova abordagem no agronegócio, que vai além da simples produção. O município de Jucás destaca-se por suas cadeias produtivas, como a bovinocultura de leite, apicultura e fruticultura, que se tornaram essenciais para a economia local. Nos últimos anos, a estratégia passou a focar na valorização dos produtos, criando identidade e transformando-os em marcas reconhecidas do território, com o suporte do Sebrae Ceará, através do Escritório Regional do Centro Sul, localizado em Iguatu.
Neyla de Araújo Primo, articuladora regional do Sebrae, ressalta que a mudança na percepção sobre o agro é crucial para o desenvolvimento da região. “A produção sempre foi forte, mas voltada apenas para o escoamento direto para grandes laticínios, sem uma identidade territorial visível”, explica. O Sebrae iniciou um trabalho de identificação e transformação da produção bruta em produtos com valor agregado, incentivando os produtores a criarem suas marcas. “Quando um produtor transforma o leite em queijo e consegue vendê-lo a um preço mais alto, ele não só aumenta sua renda, mas também constrói uma marca do território”, complementa Neyla.
A iniciativa da Rota Viva, que surgiu na área de Esperança, visa mapear e conectar empreendimentos que produzem com valor agregado, dando visibilidade a queijarias, fábricas de doces e empreendimentos de mel, entre outros produtos típicos da região.
Atualmente, a Rota Viva está em fase de estruturação de um portal digital que servirá como vitrine e, futuramente, como canal de comercialização. Neyla destaca que estão sendo mapeados produtores e agroindústrias com perfil de beneficiamento, com a intenção de que o site se torne uma referência para produtos com valor agregado do Centro Sul. Um exemplo é uma agroindústria que produz doces de leite com café e outras variações de sabores regionais.
Um exemplo notável dessa nova fase da agroindústria é a Flora Pura Mel, que enfrentou dificuldades durante a pandemia, chegando a fechar as portas. Com o apoio do Sebrae, a empresa não só reabriu, mas também se reinventou. Carmem Débora, gestora da Flora Pura, relata que, após buscar consultoria técnica do Sebrae, conseguiu renovar o Selo de Inspeção Federal (SIF), o que foi crucial para o desenvolvimento do negócio. Com a certificação, a empresa se estruturou e investiu em marketing, ganhando visibilidade até internacionalmente, ao ser selecionada para o programa ‘Elas Globais’ em Portugal.
Outro foco do Sebrae tem sido a formalização das queijarias artesanais, muitas das quais operavam de forma rudimentar. Desde 2022, o número de agroindústrias atendidas cresceu de três para mais de vinte, resultado de um esforço de mapeamento e adequação técnica. Ariel Alves, Analista Regional do Sebrae, explica que foram realizadas visitas de campo para explicar o processo de certificação em parceria com as secretarias de agricultura dos municípios. Quatro agroindústrias já possuem SIE definitivo e estão em busca de ampliação, enquanto outras sete estão em processo de construção dos padrões exigidos.
O Sebrae não apenas apoia empreendimentos individuais, mas atua como um articulador territorial, promovendo a governança e conectando os diversos elos da cadeia produtiva. Neyla Primo acredita que a fruticultura, apicultura e bovinocultura estão caminhando para uma nova fase, com um novo olhar sobre a produção local, incentivando o beneficiamento e ajudando os empreendedores a verem seus negócios como marcas de valor.
Com essa nova perspectiva, o Sebrae Ceará reafirma seu papel fundamental no desenvolvimento econômico das regiões do estado, e no Centro Sul, isso se traduz em sabores que refletem a identidade local, como mel com hortelã, queijo artesanal e doce de leite com café. O Sebrae continua a construir um Ceará mais empreendedor e inovador.