
A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) teve a oportunidade de apresentar, nesta segunda-feira (17), os resultados do Programa de Formação Docente para a Diversidade Étnica (Proetnos) durante a COP 30, que acontece em Belém (PA). Este programa, criado em 2016, visa a formação de professores indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco, capacitando-os para atuarem em suas próprias comunidades, como uma resposta à histórica demanda por uma educação inclusiva que respeite as identidades dos territórios tradicionais.
O Proetnos iniciou suas atividades com a primeira turma de Licenciatura Intercultural para a Educação Básica Indígena no Maranhão. Desde então, sua atuação se expandiu, atendendo atualmente mais de 260 estudantes em oito municípios e já formando 60 profissionais. A iniciativa se destaca pela elaboração de projetos pedagógicos adaptados às realidades étnicas, além de utilizar processos seletivos diferenciados para assegurar a participação efetiva dos povos tradicionais.
Marivânia Furtado, coordenadora do programa, enfatiza que o Proetnos tem promovido mudanças significativas na educação das comunidades atendidas. “Os cursos são elaborados com projetos pedagógicos específicos para as realidades étnicas. Com isso, a UEMA atua numa perspectiva de reparação histórica, pois são os próprios indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco que agora constroem suas histórias e produzem material didático para suas escolas”, explica.
Ela ressalta que os resultados já são visíveis nas comunidades. “Formar indígenas e quilombolas para atuarem nos seus territórios tem modificado a realidade das escolas, que antes eram ocupadas por não indígenas e não quilombolas. Hoje, nossos formandos ocupam espaços de decisão no governo e lideram projetos pedagógicos nos municípios”, afirma.
A apresentação do programa ocorreu no painel “Inclusão e Interculturalidade”, promovido pelo Consórcio Nordeste, na Zona Verde. O debate contou com a presença de lideranças indígenas, quilombolas e pesquisadores, que discutiram temas como educação, território e saberes tradicionais. Neste contexto, a UEMA destacou a importância de fortalecer esses conhecimentos, especialmente em um momento em que a COP 30 debate o futuro do planeta.